sexta-feira, 4 de julho de 2014

Minimalismo: menos é melhor

Lembra que postei um texto do Leo Babauta sobre minimalismo e publicidade? Hoje retomo esse assunto, que tem mudado a minha vida.

Tudo começou quando comecei a estudar sobre o método Montessori. Tudo o que eu lia dizia que era absolutamente essencial que estivéssemos atentos aos tipos de estímulos que dávamos às crianças. Isso através dos materiais que oferecemos, da decoração que colocamos, do que dizemos e fazemos na frente delas. E aí confesso que ficava um pouco incomodada com isso. Li textos muitos bons sobre a importância de ambientes “clean” (no sentido estético, além de higiênico, da palavra), mas o conceito não entrava no meu coração. Para mim, a ideia de um ambiente minimalista não era nada aconchegante. O que era aconchegante pra mim era algo assim:
Aí, um belo dia uma amiga muito querida anuncia sua mudança pro Canadá e diz que não pode levar nada. Confesso que fiquei congelada só de pensar na ideia de ter que ir pra um lugar e levar só uma mala. Ela tem uma filha de um ano e pouco. Tentei me colocar no lugar dela algumas vezes... e fui ficando bastante incomodada. Sentei no sofá (que era da casa dela, inclusive) da minha casa e fiquei parada, pensando. O que tinha ali que eu daria? O que tinha na minha casa que era realmente essencial? Se eu precisasse mudar pro Canadá, o que eu levaria?

E comecei a me descongelar. Comecei a me ceder pro desapego e me despir do medo. Comecei a perceber que aquilo era muito coerente com viver conscientemente.

Aí fui fazer minha leitura do ZenHabits, que sempre me revigora, e PÁ, um texto sobre minimalismo. Sabe, o Leo, autor desse blog, tem SEIS filhos. Eu juro que inicialmente, pra não sair da minha zona de conforto, pensei, ah! Mas eu tenho criança... não dá pra ser minimalista com criança.

Mas dá. Se com seis crianças dá, imagina com uma.

Comecei a perceber como era absurdamente presente na minha vida coisas sem uso e como aquilo atrasava minha vida. E comecei a me aterrorizar diante da ideia de passar esses valores pro Cauã. Coisas que nem eu mesma percebia! Então, conversei com o companheiro (que já era minimalista na essência) e ele topou. O desafio maior seria (e ainda é) pra mim, eu sabia.

Comecei cômodo por cômodo. Tem cerca de 4 meses que estou nesse processo. Já tirei mais de 10 sacos enormes de coisas pra doar e de lixo. E a coisa começou a me dar gosto. Sabe, parar em um ambiente e ficar refletindo sobre as coisas que tem nele e ver o que realmente tem uso pra se desapegar é uma atividade para lá de terapêutica. Já chorei bastante, me apeguei e desapeguei, desapeguei e apeguei de novo(mas já tinha dado e tive que desapegar). Vendemos alguns móveis, completamente inúteis ou acumuladores de coisas desnecessárias. E então percebi uma coisa maravilhosa.

Percebi que com menos, se tem muito mais. Muito mais tempo, mais espaço, mais liberdade. Fica muito mais fácil de manter as coisas organizadas, limpas. Poxa, que merda de necessidades criadas que eu tinha (e ainda tenho) e não sabia! Confesso que hoje, se tivesse que mudar pro Canadá sem nada, seria algo muito menos doloroso do que quatro meses atrás.

O Minimalismo não é se livrar de tudo. Não tem regras, na verdade. Trata-se apenas de avaliarmos o que realmente é essencial em nossas vidas, e se livrar do resto. Para mim foi mais uma forma de viver ativamente, refletindo sobre as coisas da minha casa, as coisas que compro (realmente preciso delas?). Praticar o desapego. Está muito relacionado com outros movimentos de viver conscientemente como o yoga, o veganismo e o movimento pela humanização do parto.

E lembro do que li no blog daSandra (recomendo fortemente) sobre ser como a tartaruga. Li aquilo e achei tão bonito. Ela é de Natal mas já morou em diversos lugares no exterior. Continua morando por lá. Perguntaram pra ela se não era muito difícil viver assim, longe da família e tal. Ela disse que ela é como a tartaruga, a casa dela vai com ela pra onde ela for. Entendi essa casa não como as coisas materiais, mas os sentimentos e memórias que ela leva sempre, independentemente de onde estiver.

Um desafio ser como as tartarugas...

E se você quer saber rapidamente mais sobre Minimalismo, dá uma olhada nesse vídeo aqui (em inglês com legenda em espanhol), é muito bom para refletir:

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