sábado, 19 de outubro de 2013

Eu sou ativista da humanização do parto

Dei uma sumida, a vida tava uma loucura! Aniversário de um ano seguido de organização da Marcha pela Humanização do Parto! Ambos eventos foram sucesso total! Eba!

Fiz um texto que tá na nota do meu perfil do facebook e gostaria de compartilhar aqui também:

Sou ativista da humanização do parto e do nascimento

Não se trata só de via de nascimento. Não. O buraco é muito mais embaixo do que você imagina (e do que eu imaginava antes de entrar nessa luta também). A gente não quer forçar ninguém a parir naturalmente. A luta pela humanização quer respeito à autonomia e ao protagonismo da mulher na hora de parir, quer que ela tenha privacidade, tenha um pré-natal informativo e de qualidade abordando conteúdos menos objetivos do que altura uterina, pressão arterial e peso. Queremos que os profissionais tenham uma prática baseada em evidências científicas. Simplesmente porque as evidências científicas tem mostrado que o sentido que a assistência ao parto no Brasil vai tomando é um sentido errado que não beneficia nem a mulher e nem o bebê. Quando a gente fala em evidência científica a gente tá falando de um monte de pessoas que dedicam grande parte de seu tempo pesquisando e estudando mais a fundo determinado tema. Não é opinião. É estudo, tempo, análise, conclusão. E a prática não está sendo baseada em evidência científica na assistência ao parto no Brasil. E não está seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde e nem do Ministério da Saúde. O que a gente quer é que os profissionais forneçam informações de qualidade para que as gestantes façam suas próprias escolhas. Mas temos encontrado muita resistência por parte dos profissionais em abrir espaço para conversa. Então sempre seguimos o caminho de informar as mulheres. Porque as mulheres podem mudar a realidade da assistência. Exigindo uma nova conduta, questionando velhas práticas, requerendo seus direitos, denunciando violências. Se uma mulher, sabendo que em uma cesárea sem real indicação médica tem um risco de 3x mais complicação materna e 2,5x mais complicação neonatal, que a cesárea eletiva tem sido associada com desconforto respiratório do recém-nascido e com prematuridade iatrogênica, com depressão pós-parto, entre outras coisas e ainda assim ela escolher marcar uma cesárea... que assim seja. Mas acho uma pena que as mulheres encontrem médicos que topem fazer uma cesárea eletiva. E acho lamentável profissionais que se baseiam em motivos ultrapassados (quando não absurdos) para justificar uma cesárea. Cômodo pra quem? Bom pra quem? Se cesárea fosse a via normal de nascimento, acredito que a OMS e o MS não estariam preocupados com o elevadíssimo índice de cesariana no Brasil. E a mortalidade materna não diminuiu, mesmo com o uso massivo de intervenções. Será que precisa disso tudo mesmo pra um evento que acontece o mesmo tanto de tempo que a Humanidade existe? A luta pela humanização do parto é a luta pela escolha informada, pelo empoderamento feminino. Nosso corpo sabe parir, sabe gestar. Nossa luta é para que cada vez mais mulheres saibam que é possível parir com privacidade, com respeito, com autonomia, com liberdade, respeitando a fisiologia do nascimento. Porque é nosso direito parir e do nosso bebê nascer com dignidade. O parto não precisa ser um evento traumático, permeado de dor. Eu acredito que o modo como uma sociedade lida com o nascimento está muito relacionado a outros aspectos, como a criminalidade (já comprovou Michel Odent no livro O camponês e a parteira). Se ¼ das mulheres brasileiras relata ter sofrido algum tipo de violência durante o nascimento dos seus filhos, o que será de nossa sociedade? Nós da humanização do parto queremos enaltecer cada vez mais a beleza do nascimento. O milagre da vida.


Saiba mais sobre a Marcha pela Humanização do Parto e do Nascimento e do Movimento pela Humanização do Parto e do nascimento em Natal