Juro pra você que eu não acreditava muito quando me diziam que quando Cauã crescesse é que ia dar "trabalho". Hoje percebo como na verdade o cuidado existe de maneira menos intensa do que quando são recém-nascidos, mas incrivelmente mais complexa. Se antes podíamos fazer as coisas quase que no automático hoje exige bastante auto controle e empenho em estudar para lidar com as contrariedades e dar o exemplo, educando.
Antes de ser mãe eu achava que "minha mãe me batia e eu tô aqui viva e tudo bem". Mas quando comecei a ler sobre a criação com vínculo, juro que fiquei chocada como eu pensava assim antes. Não quero ser sobrevivente, não quero que meu filho seja um sobrevivente. E comecei a perceber o ciclo de violência que se formava a partir daí. A opressão, o medo, o descontrole emocional, a falta de equilíbrio dos pais e consequentemente dos filhos.
E tem um grupo novo, do naipe da Supernanny, que não batem. E por isso acreditam que não estão educando com violência. Ao invés disso, colocam no "cantinho do pensamento". Vale ressaltar que as crianças não tem estrutura biológica e nem cognitiva para refletir sobre o que fizeram. Simplesmente não funcionam assim. Então, deixando-as sozinhas para que cheguem a conclusões sozinhas não vai fazer com que compreendam a causa do que fizeram não ser legal para os cuidadores ou para outras crianças.
Ao invés de punir as crianças, seja por tapas ou castigos, o acolhimento se mostra mais coerente com a estrutura cognitiva e biológica para estruturar a compreensão das atitudes e emoções. Vamos combinar que essa opção também é mais.... Humana, não é mesmo? Falamos tanto da humanização do cuidado, da saúde, da morte, de tudo.... e da educação também.
Recentemente fiz um curso de yoga para gestantes e durante o curso deram o exemplo de criação com limites no estilo de educação mostrada nos programas da Supernanny. Confesso que fiquei um tanto surpresa, achei bastante incoerente. Na yoga falamos, aprendemos e procuramos viver o ahimsa, que é o princípio da não violência. Ele deve estar em todos os aspectos da nossa existência: no falar, no pensar, no comer, no agir e claro no educar. Achei importante colocar a situação da criação com vínculo e outras instrutoras de yoga entenderam inicialmente que era um modo de educar permissivo. Mas depois esclareci que não é.
E não é. A criação com vínculo não tem uma cartilha pronta, mas fornece as ferramentas para que possamos compreender os momentos pelos quais as crianças estão passando, os turbilhões de picos de crescimento, maturação neuronal, motora, dentre outras, para que possamos estabelecer os limites com afeto. Conheço amigas que tem filhos com 3, 6 e 9 anos que nunca se utilizaram de tapas ou castigos para educação e que tem filhos com limites.
Assim podemos cortar o ciclo da violência. Mostrando que através do diálogo podemos nos entender, podemos ajudar um ao outro a entender melhor os sentimentos e as situações, estreitando o vínculo e promovendo a paz. Isso é ahimsa na educação.
Muitas pessoas desconhecem a criação com vínculo e por isso é de extrema importância que possamos divulgar cada vez mais para que os pais criem uma rede de apoio e troquem figurinhas sobre a criação. Afinal, sabemos o tanto que ma/paternar é um desafio diário e uma belíssima oportunidade de melhorarmos a nós mesmos para sermos bons exemplos pros nossos filhos.
Vale cada minuto ver o vídeo abaixo do programa Em Família do Canal Saúde:
Confesso que já faz algum tempo que visitei esta página. Este post, em especial, me chamou a atenção.
ResponderExcluirNunca bati em meu filho. Eu o educo por meio de conversa e castigo - quando ele desobedece, eu me ajoelho com ele, oriento e digo que se desobedecer novamente será colocado de castigo. Quando ele repete o erro, deixo ele por um minuto no castigo, sozinho e sem brinquedos, mas onde eu possa vê-lo. Quando vou tirá-lo, me sento de frente a ele e explico o motivo pelo qual ele foi punido (de forma bem direta, pois ele perde o foco de atenção bem rapidinho) pergunto se ele tornará a repetir aquele "erro" e ele responde: não, mamãe. Então me pede desculpas, me beija e abraça (O beijo e abraço é para que ele se sinta seguro e entenda que o castigo é apenas uma consequência do comportamento inaceitável e não que 'mamãe não o ama'..) Logo ele está liberado para voltar a brincar.
É duro para uma mãe de filho único punir seu filho, por isso já parei por pouco mais de uma semana, tentei educar apenas com conversa, mas ele tende a ficar descontrolado e não me escutar. Parentes e amigos me falam que faltou firmeza, então ele se sentiu a vontade para extrapolar. Podem estar certos pois eu acredito que não sei delinear firmeza de rispidez. Infelizmente, eu não obtive êxito com a experiência e voltei a educá-lo com o castigo.
Vou assistir ao vídeo e gostaria muito de aprender sobre este método diferenciado de educação. Por favor compartilhe sua experiência :)
Denise Cristina Ferino - Mãe do Guilherme (1 ano e 9 meses)