Tem um site que eu adoro ler. Principalmente quando me sinto meio down precisando de uma leitura revigorante, corro pra ele. Foi ele, o Leo Babauta que me instigou na busca em ser minimalista. Faz uns 4 meses que estamos nesse movimento aqui em casa, e tem sido uma roda gigante de emoções. Mas antes de falar do que venho vivendo, achei interessante traduzir esse texto dele sobre minimalismo e publicidade publicado nessa semana no site dele, o Zen Habits. Acredito que esteja muito relacionado a muitas coisas que falo aqui no blog. Os textos dele são livres de direitos autorais, porque assim ele acredita que suas palavras alcancem um maior número de pessoas. O nome do texto original é A Call for Revolt: Advertising is the Anti-Minimalism, que você pode acessar clicando aí no título em inglês.
O maior obstáculo para uma vida minimalista é a publicidade.
Vamos pensar sobre essa afirmação por um minuto: o que é uma vida
minimalista e o que nos impede de alcança-la? Como a publicidade está
envolvida?
Uma vida minimalista pode ser muitas coisas, mas em sua essência é
tornar-se consciente sobre o que temos em nossas vidas. O espaço é limitado:
nós temos horas limitadas em um dia, anos limitados em nossas vidas e espaços
físicos limitados em nossas casas.
E nós
enchemos todo esse espaço limitado inconscientemente, enchendo-o demais sem
considerar ao menos se essa é a melhor maneira para usar nosso espaço.
Minimalismo
é sobre pausa, e questionamentos sobre o que realmente é necessário. O que
pertence a esse espaço e o que pode ser retirado? É a fantasia em nossas mentes
que é a causa para buscarmos preencher inconscientemente a realidade que
pensamos que fôssemos viver?
O
objetivo da publicidade é exatamente o oposto: ela quer que nós gastemos sem
pensar sobre isso. Quer quer compramos no impulso. Quer implantar fantasias em
nossas mentes que façam com que saiamos e compremos.
Pense
sobre um anúncio para roupa, ou para um produto da Apple, por exemplo: eles
mostram lindas pessoas vivendo vidas maravilhosas, centrada na solução simples
de possuir o produto em suas mãos (ou em seus corpos).
Anúncios
para um sabão fazem com que pensemos que nós não teremos somente uma pele
limpa, mas uma maçã do rosto perfeita e um namorado bonitão que nos ama.
Anúncios
para um novo aplicativo fazem com que pensamos que de repente seremos mais
organizados e mais produtivos e todas nossas necessidades serão magicamente
sanadas com esse programa muito bem desenhado em nosso smartphone.
Obviamente,
nada disso é verdade – nós não seremos mais organizados nem produtivos, nem
mais saudáveis e bonitos, nem mais propensos a ter um(a) namorad@ bonit@ se
comprarmos qualquer um desses produtos. Seremos apenas mais pobres com mais
coisas para encher nossas já tão cheias vidas.
O pior
da publicidade é que não só implanta fantasia em nossas mentes que nós
instantaneamente queremos... como também nos dá uma sensação de vazio. De
repente não nos sentimos completes, nem felizes, porque não vivemos a vida
ideal. Nós não somos bons o suficiente ainda. Nós não somos felizes ainda.
E
comprar não irá melhorar esse vazio. Nós compramos, e ainda não temos a
fantasia, e então nos sentimos mal sobre nós mesmos. Nós ainda temos o vazio em
nossos corações que nunca poderá ser preenchido.
Publicidade
é o sussurro insidioso do anjo mal do comércio.
Eu não
culpo os publicitários: eles foram pegos em um jogo onde eles tem que fazer
publicidade ou morrer. Eu não culpo os consumidores: essa é a sociedade em que
vivemos e nós nunca vivemos de uma maneira diferente.
Eu não
culpo nem as agências de publicidade: os Googles e Don Draper do mundo só estão
tentando fazer grana como tomo mundo, e descobriram o que funciona. Por que não
fazer o que é eficaz, né?
Não
culpe o jogador. Culpe o jogo.
Estamos
presos em um jogo no qual temos que fazer mais dinheiro e consequentemente
fazer propaganda, e para ser eficaz nisso precisamos introduzir fantasias
inalcançáveis, um sentimento de vazio que não pode ser atenuado.
Estamos
presos em um jogo onde o processo inteiro é OK com todo mundo, na verdade
porque os mais bem-sucedidos são aplaudidos - Steve Jobs, Jeff Bezos, Barack
Obama, Larry Page, Mark Zuckerberg, Steven Speilberg, Walt Disney, et al – eles
são os vencedores de nossa sociedade. Nós endeusamos eles.
As
pessoas que fogem desse jogo são ridicularizadas e taxadas pejorativamente de
hippies, esquisitões e vagabundos.
Eu digo
que devemos sair desse jogo. Pegue ele pelo cinto e mande-o para a calçada.
Eu acho
que devemos nos revoltar.
Nós
podemos nos revoltar simplesmente escolhendo sair disso. Eles não tem uma opção
de entrada no formulário desse jogo, mas nós mesmo assim podemos sair mesmo sem
terem nos dado essa possibilidade.
Nós
podemos fugir não assistindo propagandas. Não tendo elas em nossos sites. Não
comprando ingressos pra filmes que são simplesmente propagandas inteligentes.
Não acreditando nas fantasias. Não comprando por impulso. Não usar como terapia
ir às compras. Não usar compras como uma solução para tudo. Não apoiar as
mídias que apenas estão lá para que leiamos os anúncios entre as estórias. Não
indo a sites que tenham propagandas com popups intrusos. Não ouvindo a
propagandas da radio. Não assistindo vídeos online que tenham propagandas. Não
usando o email com propaganda. Não utilizando logos em nossas roupas. Não
tatuando logos em nossos corpos. Não indo para parques temáticos que são apenas
grandes propagandas para seus produtos. Não comprando quando estamos de férias.
Não comprando presentes para celebrar datas. Não comprando smartphones por
causa de anúncios que vimos. Não comprando roupa ou maquiagem ou produtos para
a pele que façam com que pareçamos com a fantasia. Não lendo revistas que
tentam fazer com que tenhamos uma fantasia de como deveríamos parecer. Não assistir
a programas de TV patrocinados por anúncios.
Parece
muito? Sim, eu concordo: estamos muito impregnados em propagandas. Não podemos
sair deles. Somos dependentes. A revolta é muito revoltante. De volta a sua
programação regular programada
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