Cauã enfia o dedo na tomada. Eu digo Não faça isso Cauã, machuca. Ele faz de novo. Eu digo Cauã, Não. Ele faz de novo. Eu digo com a voz alterada Cauã, NÃO pode. Ele continua. Chego a conclusão de que não adianta perder a cabeça, gritar e se estressar. Estou sendo contra produtiva. Não estou oferecendo outras opções mais interessantes que a tomada naquele momento. Tomo consciência, olho ao redor e peço pra ele pegar a bolinha do gato que estava no corredor. Ele vai, joga e começa a brincar comigo e o gato. Não volta pra tomada.
Tem tantos momentos na nossa vida que somos contra produtivos. Algumas pessoas costumam ser na maior parte do tempo. Mas quando estamos vivendo conscientemente de nossas ações, muito dificilmente aceitaremos viver sendo contra produtivos. Porque ser contra produtivo cansa bem mais do que não ser. Exige maior energia em tentar se fazer entender e acabamos escolhendo vias negativas para conseguir uma comunicação eficaz, geralmente nos impondo através do grito, da grosseria. E aí as coisas tendem a ficar bem mais pesadas e desagradáveis. Lembro que quando comecei a ser ativista da Humanização do parto, tinha a errônea concepção de que as mulheres que faziam cesáreas e que tinham um discurso cesarista fossem pessoas más. Depois de amadurecer e de me informar, consegui sair do papel da dualidade de bomXmau e passei a perceber como era ruim pra mim entrar em debates contra produtivos com pessoas que não estavam a fim de compartilhar, ouvindo e falando, mas de impor o que acreditavam. E eu era uma dessas também. Queria impor. Agora não faço mais isso. Me consumia um montante de energia que agora escolho empregar pra fazer a informação chegar através de ações educativas aonde ela não está chegando:nas mulheres. Em outras esferas da nossa vida também podemos ser contra produtivos: nos relacionamento quando não falamos abertamente o que sentimos, quando estamos obcecados por algo que por algum motivo de ordem superior (destino? Deus? Energia cósmica ou como queira chamar) não acontece nunca, quando entulhamos nossas casas e armários de coisas além do que é realmente necessário (apesar de quantitativamente isso ser subjetivo), quando pensamos demais e não agimos nunca, quando não cuidamos da nossa saúde, da nossa alimentação, da nossa mente.... Ou quando o medo nos paralisa. Para mim a maternidade se mostra sempre como agente catalisador de mudanças positivas, e viver conscientemente em todos os aspectos da minha vida tem feito a minha vida melhor e bem mais produtiva. Quando digo produtiva, não me refiro à conotação negativa do modus operandi capitalista. Quero dizer que me tornei mais consciente do que quero fazer aqui, de quanto e como gasto minha energia, meu tempo de maneira a tornar a vida mais leve e feliz de acordo com meus valores e crenças de agora.
E você? Já percebe quando é contra produtivo? Onde gasta mais energia?
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