terça-feira, 6 de agosto de 2013

Meu relato de amamentação

Mamando e recebendo cheiro!
Ainda na gravidez eu já tinha decidido que ia amamentar. Cada vez que eu procurava me informar, mais certeza eu tinha da minha escolha. No nascimento propriamente dito, no centro cirúrgico a pediatra colocou ele 5 segundos no meu peito e já disse que não ia dar certo porque meu bico do peito era plano. Como você sabe, eu passei por uma cesárea desnecessária, além de outras violências obstétricas durante o nascimento do meu filho. Lembro do meu marido saindo acompanhando a pediatra e eu lembrando ele: não deixe darem leite artificial (LA)! Não deixe! E ele afirmou com a cabeça. Quando chegamos no quarto, perguntei pro meu marido se tinham dado LA. Ele disse que pediu para não dar, mas o profissional que receptou ele disse que teria que dar porque era protocolo de rotina do hospital. (Um protocolo bem atrasado, diga-se de passagem). Enfim, fiquei muito mais triste e me senti muito mais violentada. Não respeitaram nenhuma das nossas vontades... Mas tudo bem, na manhã seguinte eu acordaria e daria de mamar. Durante a madrugada, uma técnica em enfermagem veio e deu LA. Eu estava dormindo, fiquei sabendo depois. Bom, chegou o dia em que levantei, ninguém veio me ajudar com a amamentação. Levaram ele para dar banho e quando ele voltou eu perguntei e disseram que tinham dado LA de novo. Fiquei muito mais triste. Bom, na hora do almoço que eu já tinha me levantado, quando a moça do berçário veio com sua caixinha de LA eu disse pra ela: Vamos fazer assim? Você me ajuda com a amamentação e se não der certo você dá LA pra ele. Ela disse: ok. Me ajudou, colocou ele no peito e ele mamou lindo. Meus olhos encheram d'água. Fiquei sentindo a maior plenitude da minha vida ao olhar praquele ser lindo sugando o que há de melhor em mim! Depois chamei umas mil vezes alguém do berçário pra me ajudar. Toda vida que ele tinha que começar a mamar, eu precisava de ajuda para entender como era a pega e tal. O problema (hoje que eu sei) é que elas vinham, colocavam ele no peito e iam embora. Elas não me ensinaram mesmo. Bom, chegou o dia de alta, fomos para casa e aí começou os 15 dias mais esquisitos da minha vida! Eu simplesmente não conseguia colocar ele no peito sozinha. Ele tinha dificuldade em abocanhar a auréola e eu achava que o problema era o bico do peito. Chamei minha doula inúmeras vezes, que é também consultora em lactação e fonoaudióloga, e ela me ajudou pra caramba! Mas o problema persistia... Comecei a ter fissuras horríveis no peito! Doía tanto para amamentar! Mas para mim não tinha outra opção. Eu não ia desistir. Cheguei a colocar toalha na boca para morder quando ele dava as primeiras sugadas, de tanta dor que a pega incorreta dava. Um dos peitos chegou a sangrar. Algumas vezes pensei em dar logo o NAM, mas logo isso passava. Lembrava dos relatos de amigas e de outras mães dizendo que amamentar não era tão fácil para algumas mulheres... Comprei um bico de silicone pra ver se ajudava. Pensei que talvez fosse a falta de bico que estivesse dificultando. Pareceu ajudar no primeiro tempo, mas as fissuras continuavam. Quando Cauã pegava direito no peito, mesmo com o mamilo machucado, eu não sentia dor. O problema era que não conseguia acertar a pega sozinha, me desesperava com o choro dele, e minhas inseguranças vinham à tona. Ele sentia meu medo de não conseguir. Fiquei sem usar sutiã, deixando o peito respirar bem. Ordenhava leite e deixava estocado para dar para ele no copinho quando não conseguia dar o peito. Até que fomos no banco de leite para fazer o cadastramento de doadora de leite. Lá pedi ajuda, mostrei as fissuras, as bolhas de sangue... E aí eu encontrei uma senhora simples, do interior. Mandou logo eu tirar o bico de silicone, disse que não tinha necessidade. Disse que meu bico do peito não tinha nenhum problema. Me colocou numa sala e lá me deixou a vontade. Disse para eu ficar lá o tempo que fosse e chamar ela quantas vezes fosse necessário. Ela me mostrou como tinha que ficar a boca dele no peito e ela saiu. E aí fiquei lá nessa sala. Chamei ela umas duas vezes. Perguntei como era mesmo a posição do braço? Da boca? Do peito? Aí ela disse algo que foi fundamental para o sucesso da amamentação: esquece a técnica. Bebês choram. Não se desespere. É a única maneira que ele tem de falar pra você o que ele quer. Se você se desesperar, ele vai sentir. Veja qual a melhor posição pra você, não fique presa a posições. E aí foi quando tudo aconteceu. A partir daquele momento ali na sala, por tentativa e erro, eu fui construindo minha confiança em vários aspectos e me comunicando com meu filho. Lá eu chorei um bocado ao ver que tinha conseguido sozinha. Foi incrível. Depois desse dia tiramos de letra! Larguei a almofada de amamentação pra lá e fui seguindo minha intuição. Foi assim, com a ajuda de várias pessoas e principalmente com o apoio do meu marido, que me incentivou, deu a mão pra eu apertar quando sentia dor, e com o amparo da família que conseguimos estabelecer uma amamentação prazerosa! Hoje estamos com quase 10 meses de amamentação, sendo 6 desses com amamentação exclusiva. Em todas as posições! =)

Para mim hoje percebo como amamentar é se doar. Tenho profunda admiração por essa entrega, essa conexão, essa troca de amor com tanta pureza e beleza!


Esse relato foi para comemorar a Semana Mundial da Amamentação 2013! O tema não podia ser melhor: Apoio próximo, contínuo e oportuno! Ou seja, um apoio de qualidade, um apoio acolhedor e sensível à realidade de cada mãe! 

Mamíferas unidas!

3 comentários:

  1. Que lindo Gabi.. Lembrei de mim que foram 16 dias passando por tudo isso (so não passei por esses sangramentos, fissuras..etc..etc..) mas sofri muito toda vez que olhava para minhas roupas apropriadas para amamentar que havia comprado e pensava que jamais usaria pq ele n iria mamar...mas enfim conheci a enfermeira Tânia e ela me ajudou por 2hs, foram duas horas de estimulação total e conseguimos...Eu e ele juntos conseguimos e depois tudo se torna tão simples não é mesmo?..rs.. Depois de quase 27 meses amamentando vejo o quanto foi importante para nos dois essa persistência, não que quem não conseguiu amamentar seja menos mãe que eu mas acredito que tudo pra mim teria sido mais difícil se não tivesse sido assim.
    parabéns por terem persistido tbm e ter o prazer de desfrutar dessa honra que é conseguir acalentar nossos filhos com um simples "tutu"...rs

    ResponderExcluir
  2. Haaa... e ele continua, sem previsão de parar...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. hahaha Que lindo Lili! É maravilhoso pode dar o melhor da gente com tanto amor e troca né? =) Parabéns pela amamentação prolongada. É o tema do próximo post! Mulher corajosa e informada você! Mamíferas unidas!

      Excluir