terça-feira, 30 de julho de 2013

Renascer é preciso

No mês de agosto terá o lançamento do aguardadíssimo filme O Renascimento do Parto. Me lembro como hoje quando, ainda grávida, assisti ao teaser do filme. Naquela época os organizadores ainda estavam procurando maneiras de viabilizar o lançamento sem ficar sem ter o que comer. No início desse ano as coisas caminharam muito bem com a realização de uma vaquinha coletiva pra finalizar o filme e fazer o lançamento. Esse é um filme que estará em circulação com mão do coletivo de pessoas que acreditam na importância que esse filme tem para o cenário atual da assistência ao parto e ao nascimento. Por que essa importância?

O Brasil tem índices altíssimos de cesárea. Muito distante do que preconiza a Organização Mundial da Saúde. Esse problema já está em evidência e o Ministério da Saúde tem desenvolvido ações que estimulem o parto normal. A questão é que não se trata só de via de parto. Quando se fala de parto, uma série de outras coisas está envolvida. Por que há esse mito em torno do parto normal? De onde vem tamanha desinformação dos profissionais envolvidos com o nascimento e das gestantes com suas cesáreas agendadas? E as indicações fictícias de cesárea? E a violência obstétrica? Puxa! São tantas questões a serem elucidadas... Várias pesquisas vem sendo desenvolvidas por todo o Brasil para evidenciar a falha grave que temos na assistência ao parto e ao nascimento em nosso país.

Michel Odent, em seu livro O Camponês e a Parteira: uma alternativa à industrialização da agricultura e do parto, relata diversas pesquisas que associam a industrialização da vida com aumento da criminalidade. A industrialização da vida trouxe uma série de intervenções desnecessárias ao processo fisiológico do parto, como a introdução de fármacos, procedimentos invasivos, posições não verticalizadas para a comodidade do médico, dentre outras. O pré-natal, um momento para ser de construção, de preparação, de informação; se torna na industrialização uma procura por algo errado que receberá um rótulo que fará com que a gestante passe a ser uma enferma. No nosso país, 25% das mulheres dizem terem sofrido algum tipo de violência obstétrica durante seus partos. Esses dados foram encontrados nessa pesquisa de 2012. O parto humanizado (re)surge nesse contexto para trazer o respeito a autonomia da mulher, o respeito ao parto fisiológico, sem intervenções que atrapalhem o seu desenvolvimento, que acolha a parturiente e seu bebê. No livro do Leboyer, Nascer Sorrindo, há uma longa reflexão a ser feita ao enxergar o nascimento do ponto de vista do bebê. As contrações avisam ao bebê que algo irá acontecer. Ele se prepara para aquele momento. Já pensou em retirá-lo do útero sem nenhum tipo de aviso? As pesquisas mostram que cesáreas desnecessárias possibilitam maior probabilidade de complicações maternas e neonatais, além de dificultar o estabelecimento da amamentação. As cesáreas eletivas tem sido associadas com o aumento da prematuridade e do desconforto respiratório dos recém-nascidos.

Enquanto isso, discute-se a redução da maioridade penal. Michel Odent diz que “a criminalidade juvenil pode ser vista como uma deficiência em amar o outro”. Será que não está na hora de repensarmos e fazermos algo para mudar o modo do nascer no Brasil? Países com baixos índices de criminalidade são os países com as menores taxas de violência obstétrica. Será que isso é mero acaso? Será que o fato do surgimento da anestesia no parto dos bebês que foram os adultos da geração dos anos 60 não está relacionada a busca incessante dessa mesma geração em se anestesiar com drogas? Eu concordo com Michel Odent. Eu não acredito em acaso. Há uma forte relação entre esses índices.

É preciso informar as pessoas sobre a possibilidade de um parto respeitoso.
É preciso informar às pessoas que o parto normal é melhor pra mãe e bebê.
É preciso informar.
É preciso renascer.


O Renascimento do Parto no Facebook




Nenhum comentário:

Postar um comentário