quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Brincadeiras sensoriais para bebês

Quando Cauã começou a pegar no pé eu fiquei logo ansiosa pra fazer as meias sensoriais!
Tinha visto em um grupo que faço parte no facebook quando ele ainda era muito pequenino e fiquei guardando na caixa de coisas TO DO!

Nessa fase é muito importante a exploração de diferentes texturas, cores e sons. O aprendizado se torna cada vez mais elaborado. Então lá fui eu com agulha, linha e vários penduricalhos costurar um par de meinhas dele. Na escolha dos materiais a costurar, procurei coisas que se diferenciassem em cor, textura e forma: fita aveludada rosa, elástico preto, renda branca e um negócio de madeira. Recomendo colocar pelo menos um elástico em um dos pés, porque ele ficou fazendo um "cabo de guerra" com o pé. O resultado final ficou assim:


Importante dizer que pela primeira vez em 3 meses, no dia seguinte, eu e meu marido conseguimos tomar café da manhã juntos e tranquilamente enquanto Cauã....

Outra brincadeira muito legal é pegar uma luva daquelas de limpeza (comprei a minha por R$18,00 no Extra) e fazer olhinhos e uma boca e brincar de pegar as partes do corpo! Cauã pira de rir nessa brincadeira! A luva é bem macia e quando mexe a mão dentro dela as "minhocas" mexem também! Preguei a minha com cola quente mesmo! Recortei feltro pra fazer os olhos e a boca. Olha como ficou: 

E você, tem alguma brincadeira sensorial pra me ensinar?


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Amamentação Parte II - entrevista

Seguindo a série sobre a amamentação, a partir dos resultados da mini pesquisa, elaborei umas perguntas e hoje temos uma entrevista com Rosário Bezerra: doula, consultora em lactação, fonoaudióloga e mãe de duas meninas lindas - da Giane, que mamou até 1a e 2m e da Manu, que tem 1 ano e 10 m e mama sem data pra parar!
Ela me ajudou muito no início da minha amamentação, e a entrevista está pra lá de esclarecedora!   Já vou avisando que me emocionei no final! 
Muito obrigada pelo cuidado e por ter topado participar Rô! :)
Quem tiver mais dúvidas, posta nos comentários que a gente vai tentando construir o conhecimento juntos! 

1) O que é uma consultora em lactação?
Um dos principais pré-requisitos para se tornar uma consultora em lactação é amar e acreditar na perfeita natureza do nosso corpo, enxergando na amamentação muito mais do que valores nutricionais. Alie-se a isso uma boa experiência pessoal com aleitamento materno, formação prévia na área de saúde e cursos de capacitação atualizados e alinhados com os princípios de acolhimento, humanização e com base em evidências científicas, respeitando as recomendações da Organização Mundial da Saúde e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes (NBCAL).
2) Na minipesquisa, apenas duas mulheres relataram não ter nenhuma dificuldade para amamentar. Na sua prática você também encontra isso? Por que essa dificuldade é tão comum no início da amamentação?
A amamentação tem um peso cultural muito grande. Por muitos anos fomos levados a acreditar que o leite materno poderia ser substituído por leites artificiais e a indústria de leites soube usar do poder econômico para nos convencer de que a mamadeira era um método muito mais prático e seguro para alimentar as crianças. Gerações de mais gerações de bebês sendo alimentados de forma artificial, com mulheres acreditando na fórmula mágica e engordativa (o mito do bebê gordo como referência de saúde). Ainda hoje muitas mães sofrem terrível pressão da sociedade com ideias falsas de leite fraco, pouco leite, bebês muito gulosos que só saciam depois de uma mamadeira com engrossantes.
Outra vertente que acentua estas dificuldades está relacionada a medicalização do parto, a procedimentos invasivos e que não privilegiam o contato imediato entre mãe e bebê. O parto visto como uma doença que precisa de cura.
3) Rachadura, assadura e sangramento dos mamilos foram as dificuldades mais citadas. Por que isso acontece? Existe alguma maneira de se prevenir?
Todos esses problemas residem na díade posicionamento-pega correta. Existem várias posições para amamentar com conforto e segurança, mas em todas elas os bebês tem que estar alinhados ao corpo da mãe e com a pega corrigida. Se estes detalhes não forem observados e cuidados, está aberta a porta para o surgimento dos traumas mamilares. A prevenção e o tratamento para os traumas estão na correção da posição do bebê em relação ao corpo da mãe e à pega correta onde a maior parte da aréola precisa ser abocanhada durante as mamadas (e não somente o bico), com os lábios virados para fora. Sinais importantes de pega errada incluem barulhos e estalos durante as mamadas e bochechas encovadas. A mulher também sente muita dor durante toda a mamada. Havendo qualquer um destes sinais, é importante reiniciar a mamada atentando para os detalhes que indicam uma boa pega.
4) Em alguns relatos as mulheres relatam que o leite era pouco ou que o leite de repente “acabou”. Por que isso acontece? Existe alguma maneira de reverter o quadro?
Uma das consequências da pega incorreta é a estimulação inadequada da mama o que pode levar o bebê a extrair menos leite do que ele precisa. Daí essa impressão de pouco leite ou leite fraco já que o leite posterior, com maior concentração de gordura, não será alcançado.
5) “[...] queria mamar em menos de duas horas, parecia que ela nunca estava satisfeita.” As pessoas costumam dizer que se o bebê ainda chora de fome ou mama com muita frequência, é porque o leite é fraco. Verdade ou mito? Existe um intervalo ideal para as mamadas? Qual a importância da livre demanda para a amamentação?
Um ponto que ainda é erroneamente propagado por profissionais da saúde diz respeito ao intervalo e duração das mamadas. A recomendação de mamar em intervalos rígidos se configura num grande perigo ao sucesso da amamentação. Bebês devem ser postos pra mamar em livre demanda. Isso significa mamar quando e o quanto desejar, seja dia, noite ou madrugada. O fato da maioria das crianças acordar muito de madrugada leva os pais a acreditarem que esse despertar tem a ver com o leite fraco e isso não é verdade. Durante a noite, os níveis do hormônio prolactina são maiores e a produção do leite aumenta neste horário. A sábia natureza então programou tudo fazendo com que os bebês ficassem mais tempo acordados no horário em que a oferta de leite materno será maior. Com o tempo, essa demanda e o ciclo sono-vigília se ajustam. Por isso é fundamental contar com uma rede de apoio (família, amigos, grupos de mães, banco de leite) para que esta mãe possa relaxar, confiar e, quando necessário, descansar durante as sonecas do bebê se sentindo amparada e acolhida para se doar à maternagem.
6) Mulheres que precisaram se ausentar para trabalhar ou estudar relataram dificuldade em ordenhar uma quantidade suficiente para deixar em casa. Que dica você daria para mulheres nessa situação que não querem abrir mão do leite materno e nem da amamentação?
Desde muito cedo, procurem por ajuda especializada. A ordenha pode ser difícil no começo, mas as dicas de uma consultora ou a ajuda de um banco de leite são de grande valia para a técnica correta e eficiente de ordenha manual. Se ainda assim parecer difícil, pode haver a necessidade de utilizar uma bomba extratora de leite indicada por especialistas. Muitas das bombas tira-leite existentes no mercado são inadequadas e, ao invés de ajudar, podem trazer mais problemas machucando a região mamilar.
7) O bico do peito ser curto, plano ou invertido dificulta a pega correta do bebê?
Ainda hoje perpetua a ideia de que mamas com bicos protusos são as melhores para as mamadas e que bicos planos e invertidos contra-indicam a amamentação. De forma alguma isso é verdade. Primeiramente porque o bebê nunca deve mamar apenas no bico. A apreensão durante a mamada deve contemplar quase toda a aréola a fim de evitar os já citados traumas mamilares e a inadequada extração do leite. Já acompanhei bebês com muita dificuldade de realizar a pega em mamas com bicos protusos como também vi inúmeros bebês mamar maravilhosamente bem em mamas com bico plano e/ou invertido. O certo é que, havendo dificuldades em qualquer dos casos, deve-se buscar auxílio num banco de leite mais próximo ou acionar uma consultora de lactação.
8) Seis das onze mulheres em algum momento utilizaram o leite artificial. O uso de leite artificial está relacionado ao desmame precoce? Por quê?
Totalmente. Existem vastos estudos que apontam a relação entre o desmame precoce (e aqui faço um parêntese para explicar que se considera desmame precoce qualquer amamentação interrompida antes de 02 anos de idade, que é a idade mínima preconizada pela OMS e MS para prática da amamentação) e o uso de bicos artificiais, seja através da sucção nutritiva com o uso de mamadeiras, seja pela sucção não-nutritiva com o uso de chupetas. E a questão é bem simples de entender porque não importa o tipo de bico (ortodôntico, anatômico, silicone). A indústria sempre tentará dizer que existem mamadeiras e chupetas que simulam o peito, mas isso é impossível. Na mamadeira o bebê utiliza o músculo bucinador, que não deve ser muito utilizado na amamentação. Ao contrário, na mama o bebê deve utilizar os músculos masseter, temporal e pterigóideo medial. Músculos que estão se preparando desde já para realizar as funções de mastigação. Na chupeta e na mamadeira o músculo trabalhado é o bucinador. Com a ativação provocada pelo uso dos bicos artificiais ele ficará hipertônico (com o tônus aumentado) e promoverá pressão contra o palato duro (céu da boca), que ficará alto e prejudicará a erupção dentária provocando ainda, a respiração oral e as outras tantas implicações que essa respiração proporciona aos bebês.
9) Existe algum benefício da amamentação para a saúde da mulher?
Só para elencar alguns: recuperação mais rápida do peso anterior à gestação, menor sangramento no pós-parto e menos risco de hemorragias, proteção adicional contra a anemia, menos casos de depressão pós-parto, menos risco de câncer de mama e de ovário e economia com os gastos relacionados a alimentação e internações com o bebê.
10) E há algum malefício?
Não.
11) E para o bebê?
Existem condições raras em que a amamentação pode estar contra-indicada. São elas: Lactentes com galactosemia clássica: é necessário uma fórmula especial isenta de galactose.
Lactentes com doença da urina de xarope do bordo: é necessário uma fórmula especial livre de leucina, isoleucina ou valina.
Lactentes com fenilcetonúria: é necessário uma fórmula especial isenta de fenilalanina (alguma amamentação é possível, sob monitoramento cuidadoso).
Aqui no Brasil, por existir alternativas de alimentação aceitável, factível, acessível, sustentável e segura (AFASS), o aleitamento está contra-indicado nas mulheres soropositivas.
 12) Oito das onze mulheres passaram por cesárea. Sabe-se que a taxa de cesárea no Brasil está muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Há alguma relação entre a via de parto e a amamentação?
Sim, há esta relação em que os estudos apontam maior dificuldade para iniciar o aleitamento nas primeiras doze horas, que são as cruciais na recuperação da cirurgia. No entanto, estando essas mulheres amparadas, seguradas e empoderadas, a primeira mamada pode e deve ser incentivada ainda no centro cirúrgico e, todas as vezes que o bebê sinalizar que deseja ser amamentado. É muito frequente, e desnecessário, o uso de complemento nas primeiras horas de vida destes bebês nascidos por cesariana. Uma boa política de incentivo à amamentação dentro das maternidades e o adequado treinamento de toda equipe no manejo clínico da lactação, reduziriam em mais de 90% estas prescrições.
13) Para finalizar, qual a mensagem que você deixa para mães que estão passando por dificuldade na amamentação?
Deixo a poesia de um grande mestre, o pediatra e poeta Luis Alberto Mussa Tavares, que sabe transformar o ato em palavras que encantam e tocam os nossos corações:

O colo é o que vicia.
O abraço.
A expressão de alegria 
Que a mamãe exala.
A luz baixa da sala
Na hora de amamentar,
As tradicionais canções de ninar,
A poesia do amamentar vicia
Porque poesia também pode viciar.


O apoio do pai,
O olhar do irmão,
O som do batucar do coração 
Materno,
O leite que sai
Numa imensa ocitocinica ejeção,
Sabendo-se que não existe nada mais moderno,
E a mais atual das tecnologias
Tenta copiar
Mas não copia,
Isso também vicia...


A temperatura agradável,
A quantidade suficiente,
A sucção auto regulável
De um sistema estomatognático inteligente
Que suga, deglute e respira
Em harmonia
Surpreendente,
Isso também vicia,
Gente...


E o crescimento
Harmônico,
Completo,
Absoluto,
Verdadeiro
Alimentando há um milhão de anos o mundo inteiro
Sem precisar de upgrades,
Sem precisar de recalls,
Sem perder a garantia,
Isso também vicia...

Os cientistas procuram em laboratórios
Por feitos notórios
E fatos baseados em evidencias
E não percebem a verdade escancarada
O leite materno é uma formula encantada
Desafiando todas as ciencias

E quer saber o que há nele que vicia?
É o amor, que nunca se esvazia...
É o amor e suas reticencias...


Luís Alberto Mussa Tavares

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Amamentação parte 1 - resultados de uma minipesquisa


Começa agora uma série de posts sobre amamentação. Nesse post, o primeiro deles, apresento um pouco do meu relato de amamentação e depois mostro os resultados de uma mini pesquisa que fiz via facebook. 

Primeiramente quero agradecer a todas as mulheres que participaram da pesquisa e dedicaram parte de seu tempo para responder as questões colocadas. De alguma forma estaremos ajudando outras mulheres também, que estão atrás de informação. Muitíssimo obrigada a todas.

Lembro como hoje o embrulho que senti no estômago quando, ao encontrar meu filho no quarto (ele nasceu por cesárea), meu marido me respondeu que tinham dado leite artificial (LA) para nosso filho no berçário, mesmo ele tendo pedido que não dessem. O colostro já saía do meu peito, mas ninguém veio me ajudar a amamentar. No dia seguinte, quando uma das moças do berçário vinha para dar o leite artificial, eu carinhosamente disse: “Vamos combinar uma coisa? Você ajuda a gente a amamentar e, se ele não pegar, aí sim você dá o LA!” Ela concordou, me ajudou (só porque eu pedi) e Cauã conseguiu mamar. NOSSA! Que sensação maravilhosa aquela. Chorei de emoção, senti uma plenitude que nunca experimentara na vida. Os olhos dele se unificavam aos meus e eu transbordava amor e felicidade. Quando chegamos em casa, as duas primeiras semanas foram muito difíceis. Fora a dor dos mamilos, que sangraram e assaram, me sentia profundamente triste por não entender direito o porquê de estar tendo tanta dificuldade pra amamentar. Eu tinha o bico do peito plano, Cauã estava aprendendo a mamar e eu a dar de mamar. Depois de muitas idas ao banco de leite, de muitas visitas de nossa doula (que também é fonoaudióloga e consultora em lactação), de usar um bico de silicone pra ajudar a formar o bico (mas sempre tentava amamentar sem o bico de silicone antes), conseguimos! Eu não tinha ideia de que pra amamentar, eu tinha que aprender e o Cauã também. Na verdade, pensei que fosse uma coisa PÁ PUM. Depois que descobri que essa superação toda é comum a grande maioria das mulheres que amamentam, fiquei impressionada!
A partir da minha experiência me veio a ideia de fazer uma pesquisa informal via facebook. Lancei as perguntas, convidei um bocado de mulheres-mães e eis que obtive 11 relatos belíssimos de amamentação. Essas mulheres contaram um pouco de suas histórias também, e isso foi incrível! Permitiu contextualizar toda uma vivência. A pesquisa consistiu basicamente de cinco perguntas:
1) Como foi amamentar para você?
2) Você encontrou alguma dificuldade? Qual foi?
3) Você chegou a dar leite artificial? Se sim, por indicação de quem?
4) Como superou essa dificuldade? Quem te ajudou?
5) Parto normal ou cesariana?

O ato de amamentar foi relacionado a uma experiência “emocionante”, “mágica”, “extraordinária”, a um “momento de superação”, de entrega e todas citaram a palavra amor.

Apenas duas mulheres não encontraram nenhuma dificuldade em amamentar. As dificuldades citadas foram: pouco ou ausência de leite, bico curto, problemas com a pega¹, “bico não saiu”, ter que se ausentar para trabalho/estudo; e a grande maioria citou dor, assadura, rachadura, sangramento dos mamilos.
¹Sabe-se que algumas das dificuldades citadas estão relacionadas a problemas de pega, porém “problemas de pega” também foi citado como uma dificuldade.

Cinco mulheres deram LA por indicação do pediatra e uma deu por conta própria. Com isso totalizam 6 mulheres que utilizaram LA. Algumas deram por apenas um período, outras como complemento e outras como alimento exclusivo.

Entre as pessoas citadas como apoio para superar essa fase, estão: pediatra, mãe, marido, pai, outras mães com experiências parecidas, família, enfermeira, profissionais do banco de leite, acupunturista naturopata, fonoaudióloga e auxiliar de enfermagem

Das onze mulheres, oito tiveram seus bebês por cesariana e três por parto natural. Nenhuma mulher que teve cesárea e que teve mais de um filho teve um parto natural depois. Nenhuma mulher que teve parto natural e que teve mais de um filho teve cesárea.

Esses são os resultados da pesquisa. Num próximo post teremos uma entrevista com uma consultora em lactação sobre questões que apareceram nos relatos e dos resultados mostrados aqui. Em seguida faremos algumas discussões de acordo com essa minipesquisa também. 
Até lá!
:)

domingo, 6 de janeiro de 2013

Esterilização da vida - Parte 1


“Cesárea ué!” Foi assim que uma gestante me respondeu quando eu perguntei se ia ser normal ou cesárea. Como se fosse óbvio que as pessoas nascem por cesárea. Como se o normal fosse que as mulheres fossem submetidas a um evento cirúrgico de tamanho porte sem uma real necessidade. Como se o bebê não devesse ser consultado pra saber se naquela data ele queria nascer, afinal, era o nascimento dele. Não, ela não tinha pensado em nada disso. Depois da resposta dela perguntei: mas por que cesárea? Ela então disse: porque sim. Sei lá, tenho medo da dor.
Não sei quantas milhões de vezes eu escutei isso. “Vou fazer cesárea porque tenho medo da dor” e “Vou fazer cesárea porque é mais limpo” são nas respostas que eu mais escutei de grávidas quando eu estava grávida. Eu sabia que aquelas mulheres não tinham sido informadas quanto aos problemas de agendar uma cesárea sem um real motivo (mas isso fica pra outro post) e muito menos tinham recebido informações quanto ao parto natural. Não. Não se encontra informação e a grande maioria também não procura. E eu sempre me perguntei: como chegamos a esse ponto? Como chegamos a tamanha submissão? Como chegamos ao ponto de enxergar um evento natural que ocorre desde que a gente existe como algo tão impossível para nós mulheres vivenciarmos? Foi então que comecei a procurar e procurar e achei um livro em particular que me encantou e me encanta e que vai ser muito citado nesse blog: O camponês e a parteira – uma alternativa a industrialização da agricultura e do parto (recomendo a leitura). Essa cultura de esterilização, onde o parto é visto como um evento sujo está absurdamente ligada ao processo de industrialização da vida. E isso envolve o que comemos, o que consumimos, como vivemos e, claro, como nascemos. Um evento cirúrgico, em um ambiente esterilizado, onde o bebê é rapidamente “limpo” (apesar dos estudos mostrarem os benefícios do vérnix, aquela gosminha que envolve o bebê e o protege e que de sujeira não tem nada), onde supostamente se tem o controle dos eventos, parece um evento ideal para uma sociedade que procura se anestesiar de sentimentos e se afastar de si cada vez mais. Uma sociedade longe de vida, que não se escuta, não escuta ao outro e muito menos à Mãe Natureza. Querem acobertar o lado primitivo.

Dicionário Aurélio: primitivo: 1.Dos primeiros tempos; 2. Diz-se dos povos ainda em estado natural; 3.Rudimentar, simples; 4.Não derivado; primário.

Se é o que veio primeiro, se é o que é natural, se é o que é simples, por que o parto natural é visto como um evento sujo? Seriam então, outros eventos, como o beijo, onde há troca de saliva e muitas outras coisas, o sexo, onde há mais troca ainda, considerados sujos? Sendo sujo sinônimo de imundo, tendo você respondido sim a essa última pergunta só posso lamentar. Quanta vida você está perdendo. Essa esterilização só nos afasta de nós mesmos, do contato mais íntimo que podemos ter com nosso eu. Essa esterilização mascara um monte de coisas, que um dia vão vir a tona, querendo ou não.  Vão fazer você se sujar, vão fazer você sentir. Medo, todos nós temos de alguma coisa. Ter medo por ignorância, aí é um problemão. Pra quem o tem. E é por isso que a principal ferramenta que temos pra vencer essa cultura cesarista é a informação. É a humanização da vida. De alguma maneira, com a  industrialização das máquinas, industrializamos a vida e as mulheres se esquecem que são capazes, que muitas já pariram antes. Se fosse tão absurdamente doloroso, talvez estivéssemos extintos. Menos medo do desconhecido, mais informação.  Fica a reflexão.

Este tema carrega muitos conteúdos importantes que com certeza serão elucidados em outros posts.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Banho de ofurô: o balde pra nenéns

Você com certeza já tomou um divertido banho de balde na sua infância. Pois então, alguém teve a genial ideia de arredondar o fundo do balde e chamá-lo de ofurô. A gente ficou sabendo desse ofurô quando eu ainda estava grávida e encontramos ele em uma loja aqui em Natal por cerca de R$30,00. Não era o que algumas pessoas chamam de o "oficial" que é o TummyTub, que tem uma abertura maior do que o que a gente comprou e custa mais que o triplo, cerca de R$100,00.
Com 1 mês no ofurô com papai
No primeiro dia depois de sairmos do hospital, minha mãe foi me mostrar como dava banho na banheira que tinha dado pro Cauã. Ele não gostou nada nada, ficou chorando durante todo o banho. Minha mãe disse que nunca tinha dado banho de balde em recém-nascido e que preferia dar na banheira. Então eu pensei: o banho não deveria ser uma experiência ruim pra ele, já que ele viveu mais tempo dentro da água do que fora. Fui para o Mestre Google e seu parceiro youtube aprender como dar banho em recém nascido no ofurô. E aprendi! O primeiro banho de Cauã no ofurô foi uma tranquilidade só! No início eu e meu marido dávamos banhos junto (paisdeprimeiraviagemcommedinho) - um segurava e o outro ensaboava. Ele nunca chorou no balde. Foi incrível! Pelo que li, a água morna na altura dos ombros, o fundo arredondado e a restrição dos movimentos (que o faz se sentir mais seguro) ativam a memória da vida uterina. A hora do banho não é apenas um momento de limpeza, é também um momento de relaxamento, de estreitar os laços afetivos, de proporcionar uma experiência sensorial com o toque na pele, o som, a água morna. O banho é também uma oportunidade para aprender: podemos nomear as partes do corpo do bebê que vão sendo ensaboadas, podemos fazer sons com a água, e o que a criatividade permitir! Até hoje, com quase 3 meses Cauã toma banho no balde. Na banheira ele já tá curtindo também, balança as pernas empurrando água pra tudoquélado! Aqui a gente sempre fez assim: um banho de limpeza e um banho relaxante. Neste nós fazemos uma espécie de chá com camomila e folha de laranjeira e colocamos na água do banho, antes de ir pra água eu faço shantala com um óleo vegetal de lavanda e laranja, tudo com uma música relaxante, clássica ou Enya. É banho->mamar->dormir! É uma maRRavilha! Lá nas instruções do balde vem dizendo que é até 6 meses, mas não sei qual o parâmetro deles pra um bebê de 6 meses porque daqui a pouco ele já não cabe mais e aí eu vou comprar é um balde grande mesmo pra ele se divertir! E quando o pescoço fica mais durinho dá pra deixar o bebê sentadinho brincando... só tem que supervisionar, porque Cauã mesmo fica com a pontinha da língua pra fora querendo experimentar a água e alguns bebês querem mergulhar, enfiando a cara na água! Dá pra fazer uma versão refrescante também no calorão do verão! Diliça! Esse foi o vídeo que me ajudou!