No mês
de agosto terá o lançamento do aguardadíssimo filme O Renascimento
do Parto. Me lembro como hoje quando, ainda grávida, assisti ao
teaser do filme. Naquela época os organizadores ainda estavam
procurando maneiras de viabilizar o lançamento sem ficar sem ter o
que comer. No início desse ano as coisas caminharam muito bem com a
realização de uma vaquinha coletiva pra finalizar o filme e fazer o
lançamento. Esse é um filme que estará em circulação com mão do
coletivo de pessoas que acreditam na importância que esse filme tem
para o cenário atual da assistência ao parto e ao nascimento. Por
que essa importância?
O Brasil
tem índices altíssimos de cesárea. Muito distante do que preconiza
a Organização Mundial da Saúde. Esse problema já está em
evidência e o Ministério da Saúde tem desenvolvido ações que
estimulem o parto normal. A questão é que não se trata só de via
de parto. Quando se fala de parto, uma série de outras coisas está
envolvida. Por que há esse mito em torno do parto normal? De onde
vem tamanha desinformação dos profissionais envolvidos com o
nascimento e das gestantes com suas cesáreas agendadas? E as
indicações fictícias de cesárea? E a violência obstétrica?
Puxa! São tantas questões a serem elucidadas... Várias pesquisas
vem sendo desenvolvidas por todo o Brasil para evidenciar a falha
grave que temos na assistência ao parto e ao nascimento em nosso
país.
Michel
Odent, em seu livro O Camponês e a Parteira: uma alternativa à industrialização da agricultura e do parto, relata diversas
pesquisas que associam a industrialização da vida com aumento da
criminalidade. A industrialização da vida trouxe uma série de
intervenções desnecessárias ao processo fisiológico do parto,
como a introdução de fármacos, procedimentos invasivos, posições
não verticalizadas para a comodidade do médico, dentre outras. O
pré-natal, um momento para ser de construção, de preparação, de
informação; se torna na industrialização uma procura por algo
errado que receberá um rótulo que fará com que a gestante passe a
ser uma enferma. No nosso país, 25% das mulheres dizem terem sofrido
algum tipo de violência obstétrica durante seus partos. Esses dados
foram encontrados nessa pesquisa de 2012. O parto humanizado (re)surge nesse contexto para trazer o
respeito a autonomia da mulher, o respeito ao parto fisiológico, sem
intervenções que atrapalhem o seu desenvolvimento, que acolha a
parturiente e seu bebê. No livro do Leboyer, Nascer Sorrindo, há
uma longa reflexão a ser feita ao enxergar o nascimento do ponto de
vista do bebê. As contrações avisam ao bebê que algo irá
acontecer. Ele se prepara para aquele momento. Já pensou em
retirá-lo do útero sem nenhum tipo de aviso? As pesquisas mostram
que cesáreas desnecessárias possibilitam maior probabilidade de complicações
maternas e neonatais, além de dificultar o estabelecimento da
amamentação. As cesáreas eletivas tem sido associadas com o
aumento da prematuridade e do desconforto respiratório dos
recém-nascidos.
Enquanto
isso, discute-se a redução da maioridade penal. Michel Odent diz
que “a criminalidade juvenil pode ser vista como uma deficiência
em amar o outro”. Será que não está na hora de repensarmos e
fazermos algo para mudar o modo do nascer no Brasil? Países com
baixos índices de criminalidade são os países com as menores taxas
de violência obstétrica. Será que isso é mero acaso? Será que o
fato do surgimento da anestesia no parto dos bebês que foram os
adultos da geração dos anos 60 não está relacionada a busca
incessante dessa mesma geração em se anestesiar com drogas? Eu
concordo com Michel Odent. Eu não acredito em acaso. Há uma forte
relação entre esses índices.
É
preciso informar as pessoas sobre a possibilidade de um parto
respeitoso.
É
preciso informar às pessoas que o parto normal é melhor pra mãe e
bebê.
É
preciso informar.
É
preciso renascer.
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