domingo, 7 de setembro de 2014

Maternagem Zen - Leo Babauta

Dando sequência à educação para a paz, à criação com apego, hoje trago a tradução de mais um texto do Leo Babauta: Pa/Maternagem Zen: como manter a paciência como pai/mãe.
Os textos dele são livres de direitos autorais.
Confira o original no site dele, o  ZenHabits

Que pai e mãe nunca perdeu as estribeiras quando uma criança se comporta de maneira diferente do que você espera? Um pai ou mãe que não tenha perdido sua paciência é uma criatura mítica, provavelmente montada em um unicórnio em algum arco íris agora mesmo.
Eu posso contar as vezes que perdi a paciência como pai nos dedos de uma mão – claro que essa mão precisaria ter infinitos dedos e eu precisaria de um tempo muito grande para contar eles.
Contudo, posso dizer uma coisa: eu sou um pai muito mais calmo nesses dias. Eu ainda fico com raiva de tempos em tempos (Sou humano), mas não é mais algo recorrente diariamente ou sequer semanalmente.
Qual o meu segredo? Muita prática de consciência.
Eu percebi isso: gritar e punir não funciona.
Deixe-me dizer mais uma vez: gritar e punir são métodos ineficazes na maternagem. Se eles funcionassem, todos nós seríamos pais brilhantes e as crianças iriam se comportar para sempre depois que gritássemos.
Mas eles não funcionam. Eu não preciso de estudos de educação para me dizer isso: eu posso ver com meus próprios filhos. (Leo tem 6 filhos) Claro, eu posso gritar com eles, e talvez eles se aquietem por medo se eles acham que eu levantarei uma mão. O que eu estarei ensinando a eles não é como se comportar bem, mas a terem medo de mim. E pior, estarei ensinando a eles que gritem quando estão bravos, a resolverem os conflitos com violência, ao invés de apenas conversar sobre as coisas e chegar a uma resolução pacífica.
Estarei ensinando que o que eu quero é mais importante do que o que eles querem e que estarei disposto a fazer coisas horríveis para conseguir o que eu quero a qualquer custo, até mesmo o custo de nosso relacionamento.
Essas não são coisas que eu quero ensinar às minhas crianças. Quero que elas saibam que nosso relacionamento é mais importante do que conseguir que se comportem de determinada maneira em determinada hora.
E sim, eu sei que crianças precisam de limites – Eu acredito em limites também. Eu os coloco e minhas crianças sabem que não é legal ultrapassa-los.
E sim, eu sei que eles precisam ser ensinados a como se comportarem adequadamente. Eu somente não acredito que gritando é a maneira de ensiná-los o comportamento adequado. Perder minha paciência e me comportar de maneira negativa não é a maneira de ensiná-los a agir quando eles perdem a paciência e se comportam de maneira negativa.
Dar o exemplo que estabelecemos para eles – como agir quando as coisas não saem da maneira que gostaríamos – é muito muito mais importante do que as regras que estabelecemos para eles. Eles aprendem lições sobre comportamento a partir de nosso exemplo ao longo do tempo.
Caminhe a caminhada. É por isso que eu me comprometi a ser consciente e pacífico como pai, mesmo que eu quebre esse juramento de tempos em tempos. Quando quebro esse compromisso, eu peço perdão e falo sobre como estava errado. Porque esse é meu exemplo de como se comportar depois que você se comportou de maneira negativa.
Então aqui vão algumas lições para ajudar você a manter a tranquilidade quando as coisas não saem como você gostaria:
1.      Não é sobre você. Nós pais tendemos a tomar os comportamentos negativos das crianças de maneira pessoal, como se eles estivessem fazendo um ataque pessoal a nós ou ao que nós acreditamos, uma ofensa pessoal. É por isso que ficamos bravos. A raiva não ajuda, mas vem emerge porque acreditamos que eles fizeram algo para nós. Eles não estão realmente tentando nada contra nós – elas são somente crianças, e elas não sabem como lidar com elas mesmas quando não conseguem o que querem ou quando ficam bravas por alguma razão. É sobre o que elas estão passando. Se nós removemos “nós” da equação, podemos ver mais objetivamente o que elas estão passando e como podemos ajudar.
2.      Seja o guia deles, não seu ditador. As crianças precisam aprender a como caminhar no mundo, porque nós pais não estaremos sempre lá para dizer como agir. E o melhor jeito de ensiná-las não é ditar a lei o tempo todo – se nós ditamos as ações delas eles nunca aprenderão a tomar decisões por elas mesmas. Nós devemos deixar que elas tomem suas decisão, com limites é claro, e guia-las quando necessitam de ajuda. Imagine ser Yoda (o mentor) ao invés de Darth Vader (o ditador barra pesada). Nota de ajuda: usar Star Wars para ensinar lições às crianças é ótimo.
3.      O que elas precisam? Quando as coisas não saem do jeito que gostariam, quando elas estão bravas, quando estão com medo... do que precisam? Você gritando ou ameaçando não é útil – coloque você mesmo nessa situação (e se imagine menor) e se pergunte se você gostaria de alguém gritando com você quando você está chateado. Como você reagiria se alguém maior e muito mais poderoso que você estivesse gritando e te ameaçando? Você não gostaria disso e iria apenas ressentir.  O que seria útil? Talvez carinho? Alguma conversa calma sobre o problema, examinando soluções. Um pouco de compaixão e empatia. E algumas palavras firmes ou algo que impeça que realmente possa machucar eles.
4.      Tire um tempo de descanso. Quando você está bravo, no momento, geralmente é melhor que você se afaste, respire e se acalme. Converse com eles quando você estiver de cabeça fria e que possa pensar as coisas mais claramente. Isso é bem difícil de fazer, porque nós pais tendemos a apenas mergulhar e resolver a situação no momento. Mas é difícil tomar boas decisões, falar calmamente, agir racionalmente quando estamos bravos. E isso é verdade pras crianças também.
5.      Se você ainda não perdeu sua paciência, suspenda a situação por um momento. Quando você perceber que está se estressando com uma situação ou começando a ficar bravo mas não completamente ainda... respire fundo. Pause. Suspenda o momento e olhe pra dentro de você e veja você estressado ou frustrado. Dê a você mesmo um momento de compaixão para essa frustração, que é perfeitamente normal e Ok. Acalme a dor, deseje a você mesmo felicidade e então respire fundo novamente. Se você puder, tente perceber que o sofrimento do seu filho é parecido com o seu e que precisa de compaixão também.
6.      Se comprometa a ser consciente com eles. Eu prometi às minhas crianças que eu seria um pai mais consciente e pedi que eles me observassem. Se eles me pegassem perdendo a paciência, eles colocariam um dólar em uma jarra para comprar sorvete com eles. Ajudou – eles ainda não chamaram minha atenção. Hahahaha – eles nunca mais comerão sorvete! Apenas brincando – nós ainda tomamos sorvete.
7.      Saiba que você errou. Espere ter dificuldades mas aprenda com elas. Perceba onde você errou. Seja consciente enquanto a dificuldade está acontecendo e perceba isso como um bom passo em direção a ser mais consciente e a ter mais compaixão como pai. Reveja suas ações e ao invés de se sentir mal, veja onde você pode melhorar e tenha um plano para a próxima vez que isso ocorrer. É importante planejar enquanto você está calmo, não decida como lidar com as coisas quando você está bravo. Vá ajustando o plano da próxima vez que as coisas saiam errado para que o plano fique cada vez melhor ao longo do tempo e também seu modo de ser um pai com mais compaixão.
O problema principal é que temos um ideal enquanto pais de como nossos filhos deveriam se comportar. Nós pensamos que eles deveriam ser crianças ideais, mas na realidade eles não são ideais, eles são reais. Eles tem falhas, como nós. Eles precisam de ajuda, cometem erros, ficam bravos, frustrados. Como nós também. Vamos descobrir como se comportar quando nós cometemos erros, ficamos bravos, nos sentimos chateados e mostrar às crianças como fazer isso através de nosso exemplo.


Aceite eles pelo que são, com falhas e tudo. Ame-os completamente, com abraços ao invés de gritos. Eu descobri que abraços são professores mais eficazes do que qualquer coisa na minha maleta de ferramentas de parentagem.