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Que pai e mãe nunca perdeu as estribeiras quando uma criança se comporta
de maneira diferente do que você espera? Um pai ou mãe que não tenha perdido
sua paciência é uma criatura mítica, provavelmente montada em um unicórnio em
algum arco íris agora mesmo.
Eu posso contar as vezes que perdi a paciência como pai nos dedos de uma
mão – claro que essa mão precisaria ter infinitos dedos e eu precisaria de um
tempo muito grande para contar eles.
Contudo, posso dizer uma coisa: eu sou um pai muito mais calmo nesses
dias. Eu ainda fico com raiva de tempos em tempos (Sou humano), mas não é mais
algo recorrente diariamente ou sequer semanalmente.
Qual o meu segredo? Muita prática de consciência.
Eu percebi isso: gritar e punir não funciona.
Deixe-me dizer mais uma vez: gritar e punir são métodos ineficazes na maternagem.
Se eles funcionassem, todos nós seríamos pais brilhantes e as crianças iriam se
comportar para sempre depois que gritássemos.
Mas eles não funcionam. Eu não preciso de estudos de educação para me
dizer isso: eu posso ver com meus próprios filhos. (Leo tem 6 filhos) Claro, eu posso gritar com eles, e talvez eles
se aquietem por medo se eles acham que eu levantarei uma mão. O que eu estarei
ensinando a eles não é como se comportar bem, mas a terem medo de mim. E pior,
estarei ensinando a eles que gritem quando estão bravos, a resolverem os
conflitos com violência, ao invés de apenas conversar sobre as coisas e chegar
a uma resolução pacífica.
Estarei ensinando que o que eu quero é mais importante do que o que eles
querem e que estarei disposto a fazer coisas horríveis para conseguir o que eu
quero a qualquer custo, até mesmo o custo de nosso relacionamento.
Essas não são coisas que eu quero ensinar às minhas crianças. Quero que
elas saibam que nosso relacionamento é mais importante do que conseguir que se
comportem de determinada maneira em determinada hora.
E sim, eu sei que crianças precisam de limites – Eu acredito em limites
também. Eu os coloco e minhas crianças sabem que não é legal ultrapassa-los.
E sim, eu sei que eles precisam ser ensinados a como se comportarem
adequadamente. Eu somente não acredito que gritando é a maneira de ensiná-los o
comportamento adequado. Perder minha paciência e me comportar de maneira
negativa não é a maneira de ensiná-los a agir quando eles perdem a paciência e
se comportam de maneira negativa.
Dar o exemplo que estabelecemos para eles – como agir quando as coisas não
saem da maneira que gostaríamos – é muito muito mais importante do que as
regras que estabelecemos para eles. Eles aprendem lições sobre comportamento a
partir de nosso exemplo ao longo do tempo.
Caminhe a caminhada. É por isso que eu me comprometi a ser consciente e
pacífico como pai, mesmo que eu quebre esse juramento de tempos em tempos.
Quando quebro esse compromisso, eu peço perdão e falo sobre como estava errado.
Porque esse é meu exemplo de como se comportar depois que você se comportou de
maneira negativa.
Então aqui vão algumas lições para ajudar você a manter a tranquilidade
quando as coisas não saem como você gostaria:
1.
Não é sobre você. Nós pais tendemos
a tomar os comportamentos negativos das crianças de maneira pessoal, como se
eles estivessem fazendo um ataque pessoal a nós ou ao que nós acreditamos, uma
ofensa pessoal. É por isso que ficamos bravos. A raiva não ajuda, mas vem emerge
porque acreditamos que eles fizeram algo para nós. Eles não estão realmente
tentando nada contra nós – elas são somente crianças, e elas não sabem como
lidar com elas mesmas quando não conseguem o que querem ou quando ficam bravas
por alguma razão. É sobre o que elas estão passando. Se nós removemos “nós” da
equação, podemos ver mais objetivamente o que elas estão passando e como
podemos ajudar.
2. Seja o guia deles, não seu ditador. As crianças
precisam aprender a como caminhar no mundo, porque nós pais não estaremos
sempre lá para dizer como agir. E o melhor jeito de ensiná-las não é ditar a
lei o tempo todo – se nós ditamos as ações delas eles nunca aprenderão a tomar
decisões por elas mesmas. Nós devemos deixar que elas tomem suas decisão, com
limites é claro, e guia-las quando necessitam de ajuda. Imagine ser Yoda (o
mentor) ao invés de Darth Vader (o ditador barra pesada). Nota de ajuda: usar
Star Wars para ensinar lições às crianças é ótimo.
3.
O que elas
precisam? Quando as coisas não saem do jeito que gostariam, quando elas estão
bravas, quando estão com medo... do que precisam? Você gritando ou ameaçando
não é útil – coloque você mesmo nessa situação (e se imagine menor) e se
pergunte se você gostaria de alguém gritando com você quando você está
chateado. Como você reagiria se alguém maior e muito mais poderoso que você
estivesse gritando e te ameaçando? Você não gostaria disso e iria apenas
ressentir. O que seria útil? Talvez carinho? Alguma conversa calma sobre o
problema, examinando soluções. Um pouco de compaixão e empatia. E algumas
palavras firmes ou algo que impeça que realmente possa machucar eles.
4. Tire um tempo de descanso. Quando você está
bravo, no momento, geralmente é melhor que você se afaste, respire e se acalme.
Converse com eles quando você estiver de cabeça fria e que possa pensar as
coisas mais claramente. Isso é bem difícil de fazer, porque nós pais tendemos a
apenas mergulhar e resolver a situação no momento. Mas é difícil tomar boas
decisões, falar calmamente, agir racionalmente quando estamos bravos. E isso é
verdade pras crianças também.
5. Se você ainda não perdeu sua paciência, suspenda a
situação por um momento. Quando você perceber que está se estressando com uma situação ou
começando a ficar bravo mas não completamente ainda... respire fundo. Pause. Suspenda o momento e olhe pra dentro de você e veja você estressado ou
frustrado. Dê a você mesmo um momento de compaixão para essa frustração, que é
perfeitamente normal e Ok. Acalme a dor, deseje a você mesmo felicidade e então
respire fundo novamente. Se você puder, tente perceber que o sofrimento do seu
filho é parecido com o seu e que precisa de compaixão também.
6.
Se comprometa a ser
consciente com eles. Eu prometi às minhas crianças que eu seria um pai mais consciente e
pedi que eles me observassem. Se eles me pegassem perdendo a paciência, eles
colocariam um dólar em uma jarra para comprar sorvete com eles. Ajudou – eles ainda
não chamaram minha atenção. Hahahaha – eles nunca mais comerão sorvete! Apenas
brincando – nós ainda tomamos sorvete.
7. Saiba que
você errou. Espere ter
dificuldades mas aprenda com elas. Perceba onde você errou. Seja consciente enquanto
a dificuldade está acontecendo e perceba isso como um bom passo em direção a
ser mais consciente e a ter mais compaixão como pai.
Reveja suas ações e ao invés de se sentir mal, veja onde você pode melhorar e
tenha um plano para a próxima vez que isso ocorrer. É importante planejar
enquanto você está calmo, não decida como lidar com as coisas quando você está
bravo. Vá ajustando o plano da próxima vez que as coisas saiam errado para que
o plano fique cada vez melhor ao longo do tempo e também seu modo de ser um pai
com mais compaixão.
O problema principal é que temos um ideal enquanto pais de como nossos
filhos deveriam se comportar. Nós pensamos que eles deveriam ser crianças
ideais, mas na realidade eles não são ideais, eles são reais. Eles tem falhas,
como nós. Eles precisam de ajuda, cometem erros, ficam bravos, frustrados. Como
nós também. Vamos descobrir como se comportar quando nós cometemos erros,
ficamos bravos, nos sentimos chateados e mostrar às crianças como fazer isso
através de nosso exemplo.
Aceite eles pelo que são, com falhas e tudo. Ame-os completamente, com
abraços ao invés de gritos. Eu descobri que abraços são professores mais
eficazes do que qualquer coisa na minha maleta de ferramentas de parentagem.