Fiz um texto que tá na nota do meu perfil do facebook e gostaria de compartilhar aqui também:
Sou ativista da humanização do parto e do nascimento
Não se trata só de
via de nascimento. Não. O buraco é muito mais embaixo do que você
imagina (e do que eu imaginava antes de entrar nessa luta também). A
gente não quer forçar ninguém a parir naturalmente. A luta pela
humanização quer respeito à autonomia e ao protagonismo da mulher
na hora de parir, quer que ela tenha privacidade, tenha um pré-natal
informativo e de qualidade abordando conteúdos menos objetivos do
que altura uterina, pressão arterial e peso. Queremos que os
profissionais tenham uma prática baseada em evidências científicas.
Simplesmente porque as evidências científicas tem mostrado que o
sentido que a assistência ao parto no Brasil vai tomando é um
sentido errado que não beneficia nem a mulher e nem o bebê. Quando
a gente fala em evidência científica a gente tá falando de um
monte de pessoas que dedicam grande parte de seu tempo pesquisando e
estudando mais a fundo determinado tema. Não é opinião. É estudo,
tempo, análise, conclusão. E a prática não está sendo
baseada em evidência científica na assistência ao parto no Brasil.
E não está seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde
e nem do Ministério da Saúde. O que a gente quer é que os
profissionais forneçam informações de qualidade para que as
gestantes façam suas próprias escolhas. Mas temos encontrado muita
resistência por parte dos profissionais em abrir espaço para
conversa. Então sempre seguimos o caminho de informar as mulheres.
Porque as mulheres podem mudar a realidade da assistência. Exigindo
uma nova conduta, questionando velhas práticas, requerendo seus
direitos, denunciando violências. Se uma mulher, sabendo que em uma
cesárea sem real indicação médica tem um risco de 3x mais
complicação materna e 2,5x mais complicação neonatal, que a
cesárea eletiva tem sido associada com desconforto respiratório do
recém-nascido e com prematuridade iatrogênica, com depressão
pós-parto, entre outras coisas e ainda assim ela escolher marcar uma
cesárea... que assim seja. Mas acho uma pena que as mulheres
encontrem médicos que topem fazer uma cesárea eletiva. E acho
lamentável profissionais que se baseiam em motivos ultrapassados
(quando não absurdos) para justificar uma cesárea. Cômodo pra
quem? Bom pra quem? Se cesárea fosse a via normal de nascimento,
acredito que a OMS e o MS não estariam preocupados com o
elevadíssimo índice de cesariana no Brasil. E a mortalidade materna
não diminuiu, mesmo com o uso massivo de intervenções. Será que
precisa disso tudo mesmo pra um evento que acontece o mesmo tanto de
tempo que a Humanidade existe? A luta pela humanização do parto é
a luta pela escolha informada, pelo empoderamento feminino. Nosso
corpo sabe parir, sabe gestar. Nossa luta é para que cada vez mais
mulheres saibam que é possível parir com privacidade, com respeito,
com autonomia, com liberdade, respeitando a fisiologia do nascimento.
Porque é nosso direito parir e do nosso bebê nascer com dignidade.
O parto não precisa ser um evento traumático, permeado de dor. Eu
acredito que o modo como uma sociedade lida com o nascimento está
muito relacionado a outros aspectos, como a criminalidade (já
comprovou Michel Odent no livro O camponês e a parteira). Se ¼ das
mulheres brasileiras relata ter sofrido algum tipo de violência
durante o nascimento dos seus filhos, o que será de nossa sociedade?
Nós da humanização do parto queremos enaltecer cada vez mais a
beleza do nascimento. O milagre da vida.
Saiba mais sobre a Marcha pela Humanização do Parto e do Nascimento e do Movimento pela Humanização do Parto e do nascimento em Natal